O ELECTRODOMÉSTICO
Estava o Cidadão a preparar o próximo artigo para a blogosfera de sua graça “ O BUJÃO,” quando recebeu um singelo e-mail das Tramagas em sinal de reconhecimento pela contribuição em prol da rua da Quinta dos Bicos.
Isto reportou cá o Cidadão para um episódio que sucedeu vai para uns tempos.
Ora bem, uma coisa que Vosselências não saberão é que este rapaz dá uns toques em quase todos os ofícios, biscatando na área da construção civil, pinturas, electricidades, canalizações, estores, electrónica, veículos a motor ou não, carpintaria, estofos, electrodomésticos… conserta quase tudo, e diz “quase”, pois o que não consegue consertar, resulta irremediavelmente danificado!
Ou seja tudo o que seja bricolage é com ele!
Um jeitoso de mãos para uns, e um marido útil cá para a Companheira!
Mas as mentes perversas não se ponham já a magicar porcarias porque não é nada disso, poças!!!
Num destes dias, uma Dama sapiente destes predicados, dirigiu-se com um electrodoméstico avariado, para que este “men” lhe resolvesse o problema.
Era uma torre vertical de ventilação que não se estava a comportar bem e a Senhora explicou que aquela trampa já tinha ido três quinze dias para um técnico da especialdade que lhe devolveu o bicharoco na mesma, alegando, ah e tal, que necessitava de um motor eléctrico novo e não valeria a despesa da mão de obra e coisital, nem muito menos o preço do motor… que comprasse outro ventilador!
Entre o deitar para o lixo ou virar-se cá para o rapaz, optou pela segunda hipótese, ao que lhe foi esclarecido que aquilo, tanto lhe poderia ser consertado, como ficar danificado de vez!

Questionada sobre o comportamento do aparelhómetro, a bela Dama logo disse que, ao carregar-se num botão, o fulano se virava para a esquerda e para a direita murmurando um zum, zum, zum, mas não passava disso mesmo, de um zum, zum, que não soprava nem bufava coisa alguma, portanto não produzia efeitos práticos, o que seria completamente inútil no lar.
Cá o Cidadão deitou mãos àquela torre passiva e volvidos uns dias, com vagar, desatou a desmanchá-la peça a peça.
Aquilo tinha dois motores eléctricos, um dos quais funcionava, conferindo o tal inútil movimento oscilatório esquerda, direita e vice-versa, e o que faria girar a turbina vertical…. Nada!
Cá o rapaz recorreu ao busca-pólos e ao voltímetro caseiro mas… Népias! Nem sinal de electrões… cheirou o motor inanimado que não dava ares de induzido esturricado… quando resolveu passar àquela técnica irreverentemente radical… enfiou a ficha na tomada… sujeitou o bicho á tensão dos 220 volts e deixou-o ficar assim… todo tenso!
Foi-lhe dando umas sacudidelas nas cablagens, sempre com o aparelho em carga até que lhe pareceu cheirar a esturro…
Permitiu estar mais um bocado e ás tantas o motor acomodado começou dando sinal de si, aos tropeções, com um odor a borracha queimada subindo de intensidade! Deixou carpir um pouco mais, mas como a loucura pode ser uma virtude, aquilo foi-se definindo ao ponto de surgir fumo branco como no Vaticano, e no sítio misterioso da questão, o cabo negro!
Ás tantas…
Púm!
O disjuntor da instalação eléctrica foi-se abaixo das canetas mas entretanto definiu-se o busílis da questão!
Ora vejam bem que era a fase do positivo discretamente cortada no núcleo do revestimento de plástico!
E quando o positivo se corta, não há nada para ninguém!
Apesar do negativo ser fundamental neste jogo de electrões, pois eles correm do negativo para o positivo, ainda temos o neutro, importante no eliminar das electricidades estáticas!
Descoberta a acomodação e enxertado o cabo positivo, o aparelho de assoprar passou a funcionar ás mil maravilhas. Evidente que não era como novo, mas lá que andava, isso andava…
Chamada a Dama, logo ficou imensamente reconhecida pelo feito, querendo de algum modo pagar o concerto!
Como esta não é a profissão cá do Cidadão, nem muito menos lhe poderia passar recibo verde, recusou qualquer pagamento.
Perante a insistência da Senhora, cá o rapaz aceitou-lhe um café e um beijinho, uma das melhores manifestações de reconhecimento que poderia ter, vinda da parte de tão linda mamã!
Já agora, esse sinal amarelo JFT que estava no buraco da Rua da Quinta dos Bicos, poderia ser deslocalizado para Rua das caladas, perto do 127 ali nos Carinos?
E deixem por lá ficar os papelitos colados pois poderão vir a ter utilidade mais adiante…