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Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os seus objectivos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, adormecidas... ou anestesiadas por fórmulas e conceitos preconcebidos. Embora parte dos seus artigos possam "condimenta-se" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade com libertinagem de expressão" no principio de que "a nossa liberdade termina onde começa a dos outros".(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico e por vezes corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausadamente, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas análises, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell).Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de blogues a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, o que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão com alguma delas... mas somente o enriquecimento com a sua abertura e análise às diferenciadas ideias e opiniões, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais e válidos para todos nós, dando especial atenção aos "nossos" blogues autóctones. Uma acutilância daqui, uma ironia dali e uma dica do além... Ligue o som e passe por bons e espirituosos momentos...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

JANEIRAS



JANEIRAS

Este primeiro dia de Janeiro já fez a cara dos doze meses do ano inteiro. Eram sete horas e cinquenta e três minutos de Abrantes TMG, deste ano comum, quando o Sol oculto em nuvens rarefeitas nos surgiu no horizonte, acompanhado por brisa vinda de Oeste a sete quilómetros por hora, e a temperatura rondando os dez graus centígrados... depois disso, cá o Cidadão desguedelhou-se por completo pois como o referiu, o dia é farto em caretas!

-Ouve cá. Ultimamente coisas estranhas se tem passado em nossa casa... no outra noite, o piano do sótão pôs-se a tocar sozinho...

-Isso foi porque a gata Cristie andou a passear sobre as teclas...

- Pois, e as batidas de asas de morcego que se sentiram dentro de casa naquela madrugada de dezassete de Dezembro?

-Isso foi do sismo...

Assim se sustentava um diálogo de chacha entre o Cidadão e a Companheira enquanto ela secava os copos com um pano branco de cozinha salpicado a corações cor-de-rosa, arrumando-os respectivamente na cristaleira, no bar e noutras secções da sala de estar...

“!!!!Trás!  ????    Plik!””

-Vês? Vês? Não te digo? Explica-me agora aquilo que se passou ali no bar? A gata Cristie foi tomar ares, os Júniores estão na fase REM, e acontece aquilo sem intervenção humana! Como foi que aquela decoração da Coca-Cola desapareceu súbitamente ali do expositor?

-Como tens os projectores acesos há um bom bocado, aquilo simplesmente se descolou com o calor e caiu no meio das garrafas!

-Arranjas explicação para tudo!

-Para tudo também não é bem assim... Tive um sonho muito esquisito...

-Como assim?

-Houve uma situação deveras estranha que se passou no palácio de um reino longínquo... á frente do qual estavam tês mulheres petrificadas por artes mágicas ou por alguma maldição que lhes teria sido lançada no momento em que recolhiam água da fonte...


-E depois?

-Mais adiante, num largo de calçada tradicional, um menino fugia a uma mulher... e o estranho é que também se encontravam da mesma maneira...

-Maneira? Qual Maneira?

-Petrificados! Nesse sonho, surgiu uma moçoila de cabelos negros e longos, olhos escuros de azeitona e vestes brancas, lembrando seda debruada a ouro, com um caminhar tão suave que parecia levitar rente á calçada, quando cá o Cidadão a questionou sobre a razão daquele menino... e o que teria acontecido por ali...

-E depois? Conta lá!

- Ela disse ser Záhára, uma moura encantada, e aquele menino ser El Al-Banito...

- Depois... acordaste...

-Não! A estória de encantar prosseguiu...

-Conta! Vá lá, conta o resto!!!

-O resto? Isto foi o início, pois o resto será contado a partir do dia seis de Janeiro!

-Mas porquê?

-Porque é uma estória lendária... uma carga mítica tradicional muito intensa... Uma viagem ao reino das trevas... e cá o Cidadão prometeu á moura encantada que só a revelaria no primeiro dia a seguir aos Reis!


-E até lá?

-Olha, até lá... Tú e todos os ciberleitores que não largam aqui a peugada ás nóias do Cidadão vão mas é cantar as Janeiras em vez de fazerem serão agarrados á Net!!

Assim terminou mais um post de sem jeito, neste primeiro dia do ano de dois mil e dez, sem antes vos sugerir umas letrinhas que vos inspirem nas noites que se avizinham. Mas vão agasalhados, com gorros cachecóis e corta ventos, um pouco de creme as mãos e batôn para o cieiro!

NATAL DOS SIMPLES

Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras

Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas

Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte

Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra

Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza

Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura

José Afonso
 
O quê? Ainda estão aí?
Vá!
Vão-se lá embora! Vão para as ruas cantar as Janeiras... Pode ser que se cruzem com o Cidadão e Companheira!
...E aproveitem para desfrutar  d'esse magnífico luar!


5 comentários:

tiri-ri disse...

E são mesmo umas cenas bem curtidas estas, bem isto tem andado um pouco complicado, de modo que as consultas e coments na blogsfera, têm ficado em segundo plano, mas como estou de saída, para uma montaria aos javalis, e ainda é um pouco cedo, fiz umas, espreitadelas, e qual não é o meu espanto vou dar com esta cena mesmo bem curtida, bem ficamos à espera do resto do conto. Aproveito para desejar um bom ano para o cidadão e companheira, e tb para a gatinha Cristie,e para todos os compaheiros/as da Blogosfera.

O Cidadão abt disse...

Pois é cibercaro Tiri-ri-ri!

Votos de que a mira do seu arcabuz se encontre desajustada, para as sortes desses javalis!
Esta cena curtida só surgirá para o dia 7, em respeito á quadra que atravessamos, pois será uma incursão pelas trevas medievais da Ibéria, que chocaria com o ambiente actual!

Muito obrigado pelos seus votos de um bom ano para si também.

Segue um forte e sonoro
Miiiaaaaaoooouuu
ao luar de Janeiro pela parte da gata Cristie!

Maria Marques disse...

Ora aí temos mais uma crónica muito interessante onde não falta a companheira e a simpática gatinha .
Parabéns mais uma vez!
Grata pelo texto e por nos ter dado a oportunidade de ouvir o inesquecível Zeca Afonso,cujas canções nos transmitem muitos valores.
Um abraço.
Maria Marques

Artur :) disse...

Fico desejoso de entrar nesse reino do onírico, caro Cidadão.

O Cidadão abt disse...

Olá, Maria Marques e Artur!

Cá o Cidadão anda com pouco vagar para vos atender devido ás multi actividades para as quais é solicitado, pelo que tende lá paciência e ficai com os reconhecimentos ás vossas bitáitadas!