CHIÇA!
Um blogue que tem por objectivo desancar nas situações que ao Cidadão se lhe afigurem erradas ou desadequadas à vivência social, recorrendo a bons modos metafóricos, satíricos e humorados. A sua leitura é desaconselhada a maldispostos crónicos, a cinzentões e a mentalidades quadradas. Classificado como substância psicoactiva passível de dependência, poderá induzir micções involuntárias no indivíduo. Recomenda-se pois que o seu consumo seja doseado com moderação...
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Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os seus objectivos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, adormecidas... ou anestesiadas por fórmulas e conceitos preconcebidos. Embora parte dos seus artigos possam "condimenta-se" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade com libertinagem de expressão" no principio de que "a nossa liberdade termina onde começa a dos outros".(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico e por vezes corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausadamente, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas análises, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell).Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de blogues a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, o que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão com alguma delas... mas somente o enriquecimento com a sua abertura e análise às diferenciadas ideias e opiniões, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais e válidos para todos nós, dando especial atenção aos "nossos" blogues autóctones. Uma acutilância daqui, uma ironia dali e uma dica do além... Ligue o som e passe por bons e espirituosos momentos...
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
O ELECTRODOMÉSTICO
O ELECTRODOMÉSTICO
Estava o Cidadão a preparar o próximo artigo para a blogosfera de sua graça “ O BUJÃO,” quando recebeu um singelo e-mail das Tramagas em sinal de reconhecimento pela contribuição em prol da rua da Quinta dos Bicos.
Isto reportou cá o Cidadão para um episódio que sucedeu vai para uns tempos.
Ora bem, uma coisa que Vosselências não saberão é que este rapaz dá uns toques em quase todos os ofícios, biscatando na área da construção civil, pinturas, electricidades, canalizações, estores, electrónica, veículos a motor ou não, carpintaria, estofos, electrodomésticos… conserta quase tudo, e diz “quase”, pois o que não consegue consertar, resulta irremediavelmente danificado!
Ou seja tudo o que seja bricolage é com ele!
Um jeitoso de mãos para uns, e um marido útil cá para a Companheira!
Mas as mentes perversas não se ponham já a magicar porcarias porque não é nada disso, poças!!!
Num destes dias, uma Dama sapiente destes predicados, dirigiu-se com um electrodoméstico avariado, para que este “men” lhe resolvesse o problema.
Era uma torre vertical de ventilação que não se estava a comportar bem e a Senhora explicou que aquela trampa já tinha ido três quinze dias para um técnico da especialdade que lhe devolveu o bicharoco na mesma, alegando, ah e tal, que necessitava de um motor eléctrico novo e não valeria a despesa da mão de obra e coisital, nem muito menos o preço do motor… que comprasse outro ventilador!
Entre o deitar para o lixo ou virar-se cá para o rapaz, optou pela segunda hipótese, ao que lhe foi esclarecido que aquilo, tanto lhe poderia ser consertado, como ficar danificado de vez!

Questionada sobre o comportamento do aparelhómetro, a bela Dama logo disse que, ao carregar-se num botão, o fulano se virava para a esquerda e para a direita murmurando um zum, zum, zum, mas não passava disso mesmo, de um zum, zum, que não soprava nem bufava coisa alguma, portanto não produzia efeitos práticos, o que seria completamente inútil no lar.
Cá o Cidadão deitou mãos àquela torre passiva e volvidos uns dias, com vagar, desatou a desmanchá-la peça a peça.
Aquilo tinha dois motores eléctricos, um dos quais funcionava, conferindo o tal inútil movimento oscilatório esquerda, direita e vice-versa, e o que faria girar a turbina vertical…. Nada!
Cá o rapaz recorreu ao busca-pólos e ao voltímetro caseiro mas… Népias! Nem sinal de electrões… cheirou o motor inanimado que não dava ares de induzido esturricado… quando resolveu passar àquela técnica irreverentemente radical… enfiou a ficha na tomada… sujeitou o bicho á tensão dos 220 volts e deixou-o ficar assim… todo tenso!
Foi-lhe dando umas sacudidelas nas cablagens, sempre com o aparelho em carga até que lhe pareceu cheirar a esturro…
Permitiu estar mais um bocado e ás tantas o motor acomodado começou dando sinal de si, aos tropeções, com um odor a borracha queimada subindo de intensidade! Deixou carpir um pouco mais, mas como a loucura pode ser uma virtude, aquilo foi-se definindo ao ponto de surgir fumo branco como no Vaticano, e no sítio misterioso da questão, o cabo negro!
Ás tantas…
Púm!
O disjuntor da instalação eléctrica foi-se abaixo das canetas mas entretanto definiu-se o busílis da questão!
Ora vejam bem que era a fase do positivo discretamente cortada no núcleo do revestimento de plástico!
E quando o positivo se corta, não há nada para ninguém!
Apesar do negativo ser fundamental neste jogo de electrões, pois eles correm do negativo para o positivo, ainda temos o neutro, importante no eliminar das electricidades estáticas!
Descoberta a acomodação e enxertado o cabo positivo, o aparelho de assoprar passou a funcionar ás mil maravilhas. Evidente que não era como novo, mas lá que andava, isso andava…
Chamada a Dama, logo ficou imensamente reconhecida pelo feito, querendo de algum modo pagar o concerto!
Como esta não é a profissão cá do Cidadão, nem muito menos lhe poderia passar recibo verde, recusou qualquer pagamento.
Perante a insistência da Senhora, cá o rapaz aceitou-lhe um café e um beijinho, uma das melhores manifestações de reconhecimento que poderia ter, vinda da parte de tão linda mamã!
Já agora, esse sinal amarelo JFT que estava no buraco da Rua da Quinta dos Bicos, poderia ser deslocalizado para Rua das caladas, perto do 127 ali nos Carinos?
E deixem por lá ficar os papelitos colados pois poderão vir a ter utilidade mais adiante…
terça-feira, 1 de setembro de 2009
O BARALHO
O BARALHO
-Que… ver…go…nha…, se…nhor… pre…si…dente....
-Olha lá… andas a ler muito mal…
-É das cataratas… pá! Um dia dêstis tenho que ir até Cubã… Ai, ai as minhas cruzis…
-A deborcar-te assim sobre o sinal e depois queixas-te… não te esqueças que já não tens setenta anos!
-Já te dissi que vêjo mali…
-Tá bem, deixa!
-Ah! Faneca… repara-me naquela moça de calções…
-E dizes que vês mal… de onde é que viestes, pá?
-Do Ribêro Seco!
-Não é isso! Nem pareces de cá! Aquela garota não é a tua bisneta?
- ??? Olha… pois é!
-Achas que um carro consegue passar por aqui?
-Até dois ou trêis…
-Dois ou três, quê?! Dois ou três um raio! Mal cabe um por aquele lado!
-Dois ou trêis…pois! Seguidinhos, uns atrás dos outros…
-Ehhh! Lááá!
-Vai bugiári! Queres sabêri? O meu Ligiêri tambê passa por’qui ás mil maravilhãs!

Oh! Pá! Mas a carrinha dos alumínios se calhar já só passa á rasquinha!
- Isto já por aqui está… vai para uns tempitos…
-Pr’ái há uns dois diazitos…
-Dois diazitos? Ná… Mas para uns quatro ou cinco…
-Hum... Não tarda nada e estás a dizer que isto já cá canta há uma semana…
-Uma semanã tambê não… mas há uns quinze diazitus ou ainda mais… talvêz…
-Os tipos da junta não saberão disto?
-Tú és burro ó quêi? Então nã sabem lá agorãã! Queres ver que fostis tú quêm vêo pôr aqui os sinais!!!
-Oh! Pá! Os gajos são só promessas antes das eleições e depois… é o que se vê!
-Sã todos iguãis!
-Atão…. Mas afinal o que é que para aí está?
-Um buraco, óóó compádri!
-Um buraco???
-Hum… Está pr’ áqui um bico d’obrãã… isso é que éi…
-Ah! Ah! Ah! Já sei! É para o pessoal não esquecer o nome da rua!
-Cômo assim?
-Rua da Quinta dos Bicos!
-As côsas qui sabis…
-Aquela além é a Rua da Bela Vista e esta atrás é a Rua da Caniceira… vêm as duas acabar nesta Rua dos Bicos… estás a ver?!
-Estou a veri, estoue! Ainda vêjo beim, olha lá a pôrrãã!
-Não és tú quem precisa de ir a Cuba?
-Porquêi?
Tú é que tens as cataratas!
-Estou a veri, estou! Tenho as cataratas mas ainda vejo bêim, olha lá a pôrrãã!!!
-Eh! Pá! Os jornais são quem devia saber disto!
Do quêi? Das minhas cataratas?
-Não, pá! Desta trampa!
-Estão de fériããs…
-Os jornais agora também tiram férias? Pensava que as férias eram só para as pessoas!!!
-Pois… Tiram fériããs e os nossos presidentis támbê!
-È tramado! E quem se lixa é o mexilhão!
-No Crucifixo, quasi ao cucuruto da Rua das Caladas támbêm é tramádu!!! Lá está uma tampa de esgoto abãtidã que aquilú éi mesmo um perigú…
-E tem sinais como estes?
-Nêm por issuu… O presidenti da juntã nã devi passar por lá vai para muito mêis… há tempos arrumê um porradão c’o meu bolinhãs que o desgraçadú ficou a andar de ladú e foi-si uma roda p’ró galhêro!
-Oh, pá! Há ruas que estão uma pouca-vergonha!
-No outro dia fui a uma consulta no Hospital de Abrantes…
-Ao hospital? Então não tens um posto médico aqui no Tramagal?
-Tenho, mas é um atraso de vida para conseguir uma consulta… assim vou enAbrantis… mas nã te esqueças onde vais… ia no meu bolinhas e antes da recta da pinheira, nas curvas saltê por cima de uns cavacos que estavam caídos no alcatrão…
-E não te partiste todo?
Foi uma sorti, nã me têri espatifado tôdu!
-Tiveste mesmo sorte, pá! Isso foi aquela árvore que caiu de seca!
-Qual árvri?
-Uma que estava tombada nos fios do telefone!
-É uma falta de respêto pela genti…
-Olha… conheço um sujeito que mete umas coisas naquelas modernices da interneti…e até podia dar um jeito nisto …
-Atão… queres lá tú dizeri que esse tipú vêm consertari istúú? Éi?
-Não! Mas fica muita gente a saber destas poucas-vergonhas e parece que até funciona!
-Inda nã estou a percebeêri… o tipo faz poucas-vergonhas? Éi?
-Não, pá! O homem vem aqui, tira fotografias, depois escreve umas coisas e põe tudo escarrapachado na interneti! As outras pessoas lêem… até na Europa e pelo mundo fora!
Os responsáveis que nos governam, para acabarem com boas reformas, ficam um pouco incomodados porque toda a gente passa a saber destas misérias e mandam logo consertar as coisas públicas!
-Acabarem com as bôas reformãs? Atão queres lá tú vêri qui agora vou ficari sem a minha reformazitãã?
-Não é isso, porra! Eles é que passam a receber reformas bem calçadas!
-Conhece-lo? …
-A quem?
Ao tipo lá da interneti!... Poçãs… Havia de ser ao sapatêro?
-Sim… de vez em quando converso com ele… é só encontrá-lo e está a andar! Tenho quase a certeza que ele denuncia esta pouca-vergonha!
-Olhãã… Vamus a uma partida de suêca?

(Xiii! Desculpem… não era esta, a imagem da sueca)
-Lá estás tú! Depois vamos a um tintol e quando chego a casa tenho que ouvi-las da minha Maria!
-Vá andôr até ali á táscãã
…
-Fiiifiii… fii… fi.. . fiii… Fiiifiii… fii… fi.. . fiii…

(Mas esta)
-Vamos aqui ao “Tobias”
…
-Não que esse está de férias…
-Atão, vamos ao “Subtil”!
-Mas no “Subtil” estivemos ontem…
-Então aqui ao “Verguinhas”…
-Também pode ser… vá! … Fiiifiii… fii… fi.. . fiii…
-Pára de assobiar para o ládú e nã te olvides de falar com o tipú… está bêm?
-Qual tipo?
-As águas aqui do Tramagali andam a fazer-te mali!
-Mas qual tipo???
-Esse da interneti ou lá que éi isso!
-Ah! Com o Cidadão! Ai a minha cabeça… Ando a ficar um bocado esquecido!
-É das águas do Bairrão…Eh! Eh!

-Porra pá! Já me fizeste espalhar as cartas!
-È da tremidêra…
-Da tremedeira, o quê? Ainda estou aqui para as curvas! Olha só para mim a dançar o Fandango!
-Nã admirãã… já batis mal do baralho!
-Só me apetece mandar-te pró… pró… pró…??? Aie … outra vez a minha cabeça… Onde é que ia?