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Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os seus objectivos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, adormecidas... ou anestesiadas por fórmulas e conceitos preconcebidos. Embora parte dos seus artigos possam "condimenta-se" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade com libertinagem de expressão" no principio de que "a nossa liberdade termina onde começa a dos outros".(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico e por vezes corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausadamente, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas análises, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell).Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de blogues a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, o que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão com alguma delas... mas somente o enriquecimento com a sua abertura e análise às diferenciadas ideias e opiniões, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais e válidos para todos nós, dando especial atenção aos "nossos" blogues autóctones. Uma acutilância daqui, uma ironia dali e uma dica do além... Ligue o som e passe por bons e espirituosos momentos...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O INTRUSO



 O INTRUSO

A noite ia adiantada e a brisa restolhava forte na folhagem do quintal...
A Lua espreitava por entre as nuvens negras que viajavam velozes... a canzoada da vizinhança desatou a latir de forma nervosa e insistente... algum bicho rondava as imediações... o sono não vinha de modo algum... Enquanto a Companheira dormia tão sossegada, as trevas estendiam-se longas....
Era hábito cá o Cidadão dormir com os estores levantados...de súbito uma silhueta pareceu ter cortado a claridade que entrava pela janela do quarto...
Talvez uma coruja rondando o galinheiro...
Enfadado de contar carneiros, o Cidadão levantou-se do leito com as luzes do quarto desligadas e olhou o exterior onde os reflexos intermitentes do luar criavam movimentos nos arbustos... evocando formas sinistras e imaginárias...ali, parecia uma figura humana que se deslocava suavemente...
A luminosidade da Lua ganhou intensidade... e o vulto tomou formas bem definidas... Os cães ladravam cada vez mais assanhados... e o galinhedo cacarejava lá ao fundo... Reparando melhor, aquela figura não era mais um arbusto driblando os brilhos do luar... Aquela figura era bem real... aproximava-se da parede do alpendre ao fundo do pátio... Contrastando com o branco da cal, de facto tratava-se de um vulto bem humano que mexia nas persianas da janela... Aquele tipo não andava ali por coisa boa... Estando o energúmeno em propriedade alheia... Não seria difícil pegar na caçadeira e espetar-lhe com duas chumbadas... Mas não... Sabe-se lá quais as intenções do artista... Para arrombar a porta da arrecadação o tipo teria que fazer bastante barulho...  Cá o Cidadão preferiu pegar no telefone portátil e ligar à esquadra... Falou baixinho, relatando que residia na vivenda Chizélle e que andava um individuo furtivo introduzido na sua propriedade...
O agente que atendeu, questionou cá o Cidadão se o intruso estava dentro de casa, se avistava alguma arma nas mãos do intruso, que roupas trazia o intruso vestidas, qual a estatura do intruso, de que raça aparentava pertencer o intruso, ao que este praça respondeu que era noite e a iluminação escassa, e que tinha ligado para a polícia e não o "112,"  para lhe estarem a efectuar uma triagem... 

“-De momento não temos viatura disponível e só se encontra um homem aqui no piquete da esquadra... os restantes estão a fazer uma operação stop de controlo do álcool. Logo que seja possível, enviamos uma viatura.”

Não, isto não podia estar a acontecer... isto não podia ficar assim... tinha que espetar duas ameixas no tipo ou engendrar outra solução...
Como cá ao Cidadão vem sempre uma idéia secante, fez-se
luz!
Pegando no telefone, digitou o mesmo número da polícia...recorrendo à seguinte lábia:

 -É da polícia? Desculpem... Fui eu... quem ligou há poucos minutos a comunicar-vos que andava um intruso no meu quintal... é para vos dizer que já não é necessário terem pressa em aqui chegarem porque enfiei dois balázios no artista com a caçadeira que tenho guardada. O desgraçado está esticado aqui no hall de entrada e parece que nã mexe!

Em pouco mais de cinco minutos decorridos soou um grande estardalhaço de sirenes à distância e rapidamente surgiram duas viaturas da polícia e uma descaracterizada com oito agentes, seguidas de uma ambulância amarela do INEM, outra Viatura Médica de Emergência e Reanimação com as respectivas tripulações, entretanto chegaram mais duas equipes de reportagem de televisões concorrentes, uma psicóloga e um representante dos direitos humanos.
Ao todo, dezassete homens e uma mulher jeitosa!
Bom... não tão jeitosa quanto esta.
O larápio entrou em desnorte correndo em todas as direcções com duas galinhas nos sovacos e de cabeças entaladas nas asas, completamente aparvalhado com o aparato psicadélico dos rotativos azuis e das sirenes de todas as formas e feitios!

Prenderam o artista em flagrante delito constatando que também transportava dois rolos de fio de cobre e um computador portátil, numa pequena mochila.

-Aiieenn! Xeculpôem? Exta casa é do chefe da bófia ó kê? Extou agarrado! Num me faxam mal, pás! Táva cum fómi e xó queria vinderi os cobres pá sacar nardo pó xamon! Yááá menes! Altas  luzes... Ma ka ganda kurtixão! A bófia é fixe... Eeenaããn... ma kem é a xavala, ménes?
-Vê lá, não te estiques!

Repreendeu um dos agentes que seguravam firmemente o men.
No meio daquela monumental confusão e com a vizinhança estremunhada que se foi juntando na rua, o excelso comissário encarregue desta operação aproximou-se cá do Cidadão, observando com ar rubicundo...
a apanhar bonés!
-Que maçada! Pensei que o senhor tivesse dito ao telefone que tinha morto o ladrão!!! Evitava de mobilizar estes meios!


Ao que cá o Cidadão lhe respondeu...

-Não se tratam efectivamente de procedimentos enquadrados nos parâmetros normais? Supunha ter ouvido dizer que de momento não tinham recursos humanos nem logística disponível...
Qualquer semelhança desta crónica com a realidade, será pura coincidência.

12 comentários:

Artur :) disse...

Excelente relato que nos prende a atenção desde primeira à ultima letra!
Mas, isto não é de facto o que se passa aí em Abrantes?

HORTA F's disse...

Boas Cidadão

Por momentos pensei que o malandro do fosse afinal o busto desaparecido. É que a narrativa estava tão intrigante que pensei para com os meus botões: a tão nã querem vêr qu' o busto ganhou pernas e anda a besb'lhotar no quintal do Cidadão. Afinal nã era. Era um gatuno.

Agora fora de brincadeiras, penso que está descoberta a formúla para que os agentes zelem pelos nossos bens e pela nossa segurança.

Parabéns Cidadão

O Cidadão abt disse...

Caro Artur:

Acha que isto seria possivel acontecer na cosmopolita Abrantes?

Ná!

Nesta santa terrinha está tudo controlado e os fregueses podem viver tranquilos!

A eficácia das forças de segurança nunca permitiria situações semelhantes à relatada, nem de longe nem de perto!

Esta crónica é o resultado da mais pura imaginação a trabalhar, consequência de um sentimento generalizado de insegurança!

Gracias pelo seu pedido de esclarecimento, não vá o ciber-pessoal fazer juízos errados...

O Cidadão abt disse...

Olá, Tramagalense das Escócias e quiçá dos Orientes!

Introduzir o personagem do busto nesta crónica até que nem era mal pensado, não senhor... Quer-se dizer...
Foi uma das ideias que passou pela cabeça deste praça, mas necessitaria de um texto mais investigado, aprofundado, e elaborado numa altura em que a disponibilidade de timing anda escassa!
Talvez para uma próxima... sabe-se lá...

Pode ser que esta crónica cá do Cidadão seja aproveitada pelos necessitados das forças policiais mas uma coisa é possível;
Na triagem, no inquérito ou em cena idêntica, vai ser adicionada a seguinte questão:

“- O senhor costuma ir a um sítio da Internet ler as crónicas do Cidadão abt?”

Anónimo disse...

E agora surge-me a simples questão: como é que eu não tinha este blog listado no meu. Uma enorme falha, pela qual apresento as minhas desculpas.
:-D

O Cidadão abt disse...

Olá Pinheiros de Abrantes!

Em primeiro lugar sejais bem recebidos na caixa de pirolitos desta chafarica do Cidadão, com votos de que troquemos resmas da bitáites!

Linkar este blogue no vosso, será um antro de pecados!
Vedai-lhe o acesso aos mais novos, aos políticos, aos idosos e aos mais conservadores!Caso contrário tornar-se-ão irreverentes e mais bem dispostos!

De uma consulta do blogue que tinham antes, cá o praça ficou com a idéia de que vocês eram bués, que estavam sossegados nestas cenas da blogosfera e logo pensou que estava feito se metesse o bitáite para essas bandas!

Afinal sois quatro!
Um homem assim deve ser bastante feliz, rodeado por tantas meninas! A vossa Beatriz é muito querida!
Um b’jito p’ra ela!

Que sejais uma família una e éne feliz!

Joaquim disse...

Em Abrantes não se passa nada disto!Isto é tudo ficção! Nem a câmara tem necessidade de contratar uma empresa privada para garantir a segurança porque as forças policiais são eficientes e dão bem conta do recado.O pessoal é que é má lingua!Vivemos num concelho populoso com cerca de 42000 habitantes e com uma vasta área territorial, por isso é que as policiais não conseguem chegar a todo o lado quando são requisitadas.Há que poupar no contingente e no material.Chegam bem dois ou três agentes nos piquetes de serviço para garantirem a segurança pública de pessoas e bens!O pessoal que se desenrasque da melhor maneira das situaçoes de delinquência.Na época que atravessamos, todo o vandalismo e toda a delinquência que vem acontecendo são normalíssimos!A comunicação social e os blogues é que veículam as notícias das situações e criam um sentimento de insegurança nas populações.Os tipos têm outras intençoes por detrás!Se estivessem calados, nem acontecia metade desta delinquência, ou pelo menos, nem dessa pouca vergonha se sabia!Só a quem lhes batesse à porta e pouco mais!
Caro cidadão, parabéns pelo artigo que está muito bem escrito e envolvente na acção. Aida bem que é ficção!

alcolobre disse...

Esta está altamente!

O Cidadão abt disse...

Olá, Joaquim.
Parece que está tudo dito!



Olá Alcolobre!
Obrigado pelas alturas!
O amigo, ultimamente tem andado recolhido!?

RL disse...

Um autentico ‘psico’ à Hitchcock.

Por acaso verificou o cidadão, se o meliante possuía longas barbas brancas?
Puxe pelas meninges, e tente lembrar-se.
- Vestia de um ridículo vermelho?
- s.f.f. verifique se o jardim não está invadido de renas a comerem-lhe as couves?
Ah pois é, afugentou o S. Nicolau!... agora foram-se as prendinhas!!!
:)
“Natal é sempre que um homem quiser”.
- Quero!
- Que seja NATAL.
- FELIZ!
Em particular prós ABT.

O Cidadão abt disse...

Olá, RL!

Faltou a cena do chuveiro!

Hum... o Bin Laden não era, porque nos declarou estar desinteressado nestas terras por haverem terroristas bem piores do que ele... e esse tem as barbas malhadas!

O Capuchinho Vermelho... pese esta história meter um lobo mau, também não era, porque não apareceu a cota da avozinha.

O Super-Homem... às tantas da noite, com a escuridão espetava-se em voo picado contra a rede do galinheiro!

Um Ferrari também não... porque os Ferraris não se alimentam com hortaliças...

Ora bem... a comer as couves... sem serem as galinhas, os humanos ou as lagartas, só se fossem os gambozinos!

Às tantas, seria o Papai Noël?

Ná!

Como cá o Cidadão se tem portado bué mal pr’a caraças na Internet, o Rodolfo deve desviar as coordenadas do GPS do trenó para outros quintais!

O Natal é quando um homem quiser, quando tem querer... ou creia em o ter.

Que seja feliz, também para si, o NATAL!

:)

Maria Marques disse...

Caro cidadão abt !

Pois é !Bem podemos chamar a polícia!
Num momento em que a ladroagem anda à solta (e há muitas espécies de assaltos...à mão armada,sem armas,com arrombamento,sem arrombamento),não há polícia que nos valha....Só em caso de morte, para confirmar e passadas umas horitas!
Parece que o cidadão ainda não se tinha apercebido ...e vai daí tentou defender-se ...atacando quem invadiu a sua propriedade privada...Não sabia o nosso amigo cadadão que o criminoso não é o assaltante mas quem tenta defender-se de quem o ataca na sua própria casa? É irónico,não?
Mais irónico ainda é o novo estilo de assalto à carteirinha dos pacatos cidadãos deste país a coberto de suposta legalidade.
Irra que é demais!Quem nos defende?

Um abraço e votos de bom Natal para si e toda a família.

Maria Marques