LARGO DO SOBRAL II
Segunda
parte
“Longe da vista,
longe do coração”...
Diz o povo, e com razão...
Posteriormente
à execução sumária dos trinta e dois plátanos e algumas
palmeiras do largo sito na aldeia das
casas baixas, seguiram-se a estupefacção e manifestos de desagrado da população
até então convicta que seria retirada meia dúzia de plátanos cujas raízes estavam danificando a calçada, substituindo-os
por bolsas de estacionamento automóvel e outras espécies arbóreas... sem
raízes...
Entenda-se!
Questionados
sobre a estupefacção colectiva, os autarcas explicaram que houve um abaixo-assinado seguido de reunião
tomada por sessão de esclarecimento onde os trinta munícipes presentes foram
indagados sobre os desígnios a dar ao Largo
do Sobral...
Se
bem repararem, será o largo do Pego
que terá sofrido a maior quantidade de intervenções e requalificações que há memória
na freguesia, transparecendo a idéia que os distintos polidores de cadeirões municipais, pelo Sobral padecerão da síndrome psicoremodelativoregeneradora...
Razia do arvoredo consumada e para o largo acudiu a maldita corja de blogger’s, jornalistas, ambientalistas, um exército de pegachos e outros curiosos na matéria de facto, de lá saindo com sentimentos
comuns, cujo teor é entregue ao vosso critério...
Mandam
as regras de higiene e segurança no trabalho que as obras nas vias públicas e
não só, sejam devidamente protegidas, acautelando a segurança de pessoas e
bens, daí que o largo tivesse sido empainelado com uma cortina opaca de chapas
metálicas à altura de um metro e picos...
Sendo os trabalhadores os menos
incomodados com a permanente romaria de mirones, máquinas fotográficas e
opinadores das mais variadas estirpes, foi erguida uma segunda fiada de painéis bem acima do nível dos cérebros humanos excepto uma montrinha encastrada na paragem dos autocarros, tentando assim acabar-se de vez com os
forrobodós e os autarcas da conjuntura predominante defendendo com unhas e dentes a tese de que antes das
obras se iniciarem, o povo da aldeia teria sido atempadamente indagado sobre as
decisões a tomar, ao ponto de na noite de 5 de Junho de 2013 as galenas regionais captarem o indelével sonar dum Radar supostamente oriundo do OVNI esvoaçou por aí...
...presumindo-se que o comandante da nave não teria dado com o Cais de Rio de Moinhos por estar tudo escuro como bréu, e à ulterióri
percebeu-se ser afinal a voz meio atabalhoada de Mahamou
Àmuáhamadinejana...
...supervisor dos órgãos de comunicação social
institucionalizados, opinando aos microfones que 97%
dos pegachos estariam de acordo com o
abate total dos plátanos na medida em que na tal reunião, entre os trinta munícipes presentes apenas um deles terá votado contra o destino dado às arbóreas!
Só cá para nós que ninguém nos ouve, uma ovelha negra se infiltrara naquela sala...
Com
a crise de valores que atravessamos e o preço das energias a rondar a hora da morte e os fundos às
carteiras dos contribuintes, durante os próximos anos alguns munícipes afreguesados serão aquentados em madeiro de plátano...
Regressando
às galenas, há que dar um desconto a
Àmuáhamadinejana, porquanto filósofo e coach dos quatro microfones, pouco entenderá de aritmética e demografia.
sapo ilusionista
Entre
nados e óbitos, dado que o território das casas baixas tem aproximadamente dois mil e quinhentos fregueses distribuídos
por trinta e seis quilómetros quadrados,
os trinta conjurados pegachos representariam 1,2% da população e não os tais 97%, contabilizando número inferior à
área territorial e aos plátanos abatidos subsistindo a dúvida se representariam
a totalidade dos subscritores em prol do atentado ambiental.
Não
tendo enxergado a relação percentual, recomenda-se pois que se
inicie o estudo pelo volume...
Conhecimentos aritméticos assimilados, o ciberleitor travar-se-à de razões acerca do intróito
popular abraçado neste post...
Pois
bem, a segunda fiada de paineis embrulhando o Largo do Sobral representam a materialização da tese obscurantista do
quanto menos o povo souber, melhor, prosseguindo a prática corrente das decisões
executivas onde os fulanos se comprometem com determinados procedimentos para posteriormente complementarem outros!
Isto
faz recordar tempos remotos em que o Cidadão ludibriava os Júniores com o intuito de lhes silenciar as birras, levando a dele
avante!
Assemelhando-se
a uma fortificação de campanha, houve o cuidado de deslocar o contentor do quartel-general de modo a estreitar a porta de armas, permanecendo o
espaço colectivo tão ocluso que nem por indelével nesga se lhe consegue enxergar.
Quanto
à planta que inicialmente era exibida no flanco do quartel-general, foi transferida para o pano exterior da
fortificação, evitando que o inimigo se possa infiltrar nas instalações e
aceder ao paiol da pólvora!Não vamos acreditar que o fortim se destine a acautelar os equipamentos das obras porquanto a insegurança em Abrantes não passa dum mero sentimento enraizado na população...
Meus
caros, se ainda não entendestes...
"Penas que não se vêm, não se sentem..."