Um blogue que tem por objectivo desancar nas situações que ao Cidadão se lhe afigurem erradas ou desadequadas à vivência social, recorrendo a bons modos metafóricos, satíricos e humorados. A sua leitura é desaconselhada a maldispostos crónicos, a cinzentões e a mentalidades quadradas. Classificado como substância psicoactiva passível de dependência, poderá induzir micções involuntárias no indivíduo. Recomenda-se pois que o seu consumo seja doseado com moderação...
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Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que asua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os seus objectivos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, adormecidas... ou anestesiadas por fórmulas e conceitos preconcebidos. Embora parte dos seus artigos possam "condimenta-se" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade com libertinagem de expressão" no principio de que "a nossa liberdade termina onde começa a dos outros".(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico e por vezes corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausadamente, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas análises, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell).Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de blogues a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, o que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão com alguma delas... mas somente o enriquecimento com a sua abertura e análise às diferenciadas ideias e opiniões, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais e válidos para todos nós, dando especial atenção aos "nossos" blogues autóctones. Uma acutilância daqui, uma ironia dali e uma dica do além... Ligue o som e passe por bons e espirituosos momentos...
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
CHETAXÃUMM…
CHETAXÃUMM…
-Dá licença, Shou Dótor?
-Faça o favor de entrar… e sente-se aí!
-Ó Shou Dótor, olhe o que me afonteceu hoje, logo de fadrugada!
-Óh pá… isso está mesmo feio! Como foi que arranjou esse bonitoserviço?
-Feja bem, ia aqui o Fidadão a afanhar o fomboio do oferário na festação do Rossio. Fomo já estava em fima da hora, fia ligeiro, em marcor, no fasseio ali da Avenida Dr. Augusto da Silva Martins, esfava nefoeiro, e fuando ia na fase do cor, fumba!
“Chetaxãummm!!!”, voi o varulho que vez fuando fulidi com um voste ali escarrafatchado no faminho! Afinda fambaliei, fara a esquerda, fara a direita, fara frás e fara a frente, afinda rodofiei sovre fim mesmo… vas o faco do farnel que frazia a firacolo fez contrabalanço, vuncionou fomo vêndulo, e vevido á vorça fentrífuga vez vontravalanço e… esvafelei-me cos vostados no feio do chão! Faí vomecei a oufir uma velodia… farecia affim… um vom do fipo vúsica dos Hindus… Fainda avareceu um feimado vaído do fevoeiro ve me ferguntou:
-“Taj maal ó quê? Cum canudo!! Fens uma vose fara mim!! Fe granda vanza, feu!! Visso é foverdose ou a cena era fura?”
Voi quando feu visse: “Fá, arreda, que eu vou de fôas vamilias” Eu fão queria ve as outras vessoas me fissem naquelas vompanhias!
- Mas ainda não percebi, você embateu contra um poste, foi?
-Fim, um foste ca pareveu ali, fesmo no feio do vaminho!
-Então e você, ao caminhar, não sabe olhar para a frente? Poças!
-È que fe olhasse vara a vrente, não via as vostas dos lulus no faminho, visava-as e vespois lá ia fara o vombóio a cheirar mal, fão acha? Ò vatano! Isso arde!!
-Ora deixe cá ver… você tem aqui um belo hematoma… mesmono centro da testa! E está a falar assim, esquisito, porquê?
-É que fambém voi-se um dente fró galheiro!
-Ora mostre cá… abra a boca… abra mais…
-Fããããã…ããããã…ããããããã…
-Mas isso do dente é com o estomatologista!
-Vom o esfomovologista?! Fas eu vão fenho vroblemas de esfômago!!!
-Ó senhor!!! O estomatologista também trata da dentição das pessoas!
-Áh, vor isso é ve se diz, “fôca do esfôgamo”!
- Vamos lá, vou-lhe receitar aqui uma pomada que vai aviar na farmácia… e de quatro em quatro horas coloca uma pedra de gelo nesse hematoma!
-Fisto, vuando a voisa vorre mal a um… forre-nos a todos!
-Hum…
-E isto fai vicar sempre affim?
-Não homem! Isso incha, desincha… e passa!
-Ó shou Dótor, ifo do vematoma é o fesmo que um falo?
-Sim, é isso mesmo. Um galo!!
-Ventão forque é que o Dótor fão há-de famar as voisas pelos vomes?
-Pois é, quando colocam a sinalização não têm em conta a mobilidade das pessoas, e atravessam os postes no meio dos passeios e depois… dá nisto!
-A fobilidade é essa voisa das fessoas faminharem á fontade nos vasseios?
-Sim é isso, mais ou menos…
-È aquela coisa de faverem as vampas junto ás fassadeiras?
-Isso mesmo!
-Fara vepois porem os vostes no faminho?
-Pois…
-Fara defois fulidirmos vrontalmente, e vicar-mos zonzos?!
-Pois…
-E fem dentes?
-Irra!
- Vas então eu viquei ifobilizado!
-Pudera, com uma pancada dessas!
- Ah! Ventão é isso!
-Isso, o quê?
-É que há temvos fá o Fidadão achou esvranho fer um venhor numa fadeira de rodas entalado entre um voste e um muro, ali vunto ao quartel da GNR!
-Espere, repita lá isso!
-Fisso, o quê?
-“Cadeira de rodas”…
-“Fadeira de rodas”, forquê!!!
-Nada, nada…
-O Fidadão até vensou que eram freinos fara os varaolimpicos! Fegundo vontaram, o vomem vazia aquilo vodos os dias! Finha vor aquela afenida avaixo, ali a vartir da Envosta da Varata, felo Modelo, fassava frente á GNR, fempre ás gincanas entre as vloreiras das árvoves, os vostes das luzes, os muros, as fedações, e as faragens dos fautovarros… ia for ali avaixo, fruzamento de Fale de Rãs aviante, até á rotunda do Olival… afé fe um via, fumba! Ficou para ali enfalhado!
-Espere lá, diga “Modelo”!
-“Modelo”, mas… forquê, Shou Dótor?
-Hum… Nada, nada, continue!
-Ai!Aí! Não mexa aí, Shou Dótor! Focê fenha lá fuidado vom iffo! Focê é fruto!!! Fatano!!!
-Ah! Você faz com cada observação!
-Fentão, agora á fusta disto, vá o Fidadão vai ter uns viazitos de faixa, não?
-Sim, daqui, tem que ir a um dentista… mas olhe, entretanto, também lhe diagnostiquei um problema de dislexia, alguma cacofonia, uma certa redundância… mimetismos… e uns certos vícios de linguagem…
-Pudera! Ó Dótor, enfão não vê que isto voi da vorrada?!
Pois, pois! Ora repita lá essa palavra?
-Fual valavra, Shou Dótor?
-“Pudera”.
-“Pudera”, forquê??
-Hum… nada, nada… e depois, não se percebe aquilo que diz!!!
-Ó Shou Dótor, vão ve ferceve o ve eu figo?? Folhe que a vente fanga-se e o famoro afava-se! Afavou a fonversa e frontos!!! E focê ferde um vreguês!... Faraças, Dótor! Assim o Fidadão fai vicar com umas vinhoquices fara fensar!!! E visso é ferigoso?
-Perigoso, como assim?
-Se um fipo vode fir a morrer disso da fafovonia!
-Vamos lá, tenha calma e seja realista! Ninguém morre por uma coisa dessas!
-Vealista, vealista… se o Fidadão fosse vealista até finha medo de vair de casa!
-Então, e porquê?
-Vorque fia vudo negro! Pshh! Pshh! Pshh!
-Então, agora está a cuspir sangue?! E tão vermelhinho! Vê-se logo que você é saudável!
-Ora Shou Dótor, de que côr queria que vosse o meu fangue? Doutra vôr, quer fer?
-Ó homem, evidentemente que não! O sangue é todo vermelho! Vermelhinho! Vermelhão! Encarnado!!!
-Ora forra, ó Dótor, é que vá o Fidadão fá oufiu valar que há vessoas com o fangue azul! O Dótor fabe explicar vomo é que iffo se arranja?
-Ò homem, deixe-se de ideias! Sangue azul têm os insectos!
-Fão oito!
-São oito, o quê?
-Um e secte, Shou Dótor! São oito, não são!!
-Eu não disse um e sete, eu disse os insectos, bolas! Você ouve mal??
-Vealmente ouço uns fumbidos…
-Ah! Então vamos ter que fazer aqui mais uns testes, porque você não está em condições… Ora diga lá, quantos dedos vê aqui, á frente do seu nariz…
-Finco!
-Cinco?! Cinco não! Um!
-Finco zim zenhor! Quatro dovrados e um de fé!
-Também está certo… e agora, está a ver esta esferográfica?
-Vim fenhor!
-Então, diga-me lá , de que côr é que ela escreve?
-Fualquer côr, Shou Dótor!
-Outra poça! Então a esferográfica não escreve a preto? Ora veja, eu a rabiscar!! Está a ver? Estáá?
-Folhe Dótor, quer fer como ela esfreve outras fores! Ummm… umm… ora feja!
-Az.zul! A.ma.re.lo! Ver.me.lho!!!
-Tá a fer, Dótor, a esferovráfica esfreve vualquer côr e fualquer outra voisa até a finta acavar! A vente vode fer uma videologia vas com iffo vode ouvir as dos voutros fenão não há fluralidade de ivéias e iffo emfrovece as vociedades!! E o Dótor fá a fer mal veducado!
-Eu?! Mas… como assim?
-É que o Dótor vanda a vazer festos ovcenos fom os vedos!!!
-Ora essa!! Mas por que carga de água?
-Vez, vez, fe eu vem fí! O Shou avontou vara o Céu, com o vindicador!
-E isso é um gesto obsceno!!!
-Afão não é? Afão não é o festo que o Vim Laden vez vara as votogravias? E vepois o Dótor volocou o dedo folegar fobre o vindinho e os outros vois! Ifo é uma vatitude de vepressão! O volegar fobre os outros! E os outros fubejugados! Venha faciência Dótor! Visso não se Vaz! O vrandalhão a ofrimir os fequinininhos! E vepois, o vindicador é o favusador! E a afontar vara o Féu! Ora veja fem! Fomo na Igreja de Fonstância… vestá um Santo a avontar fara o olho do voutro Santo, forque tem lá um argueiro! Vas o olho do caponta vambém tem um!!! E fá viu ó Dótor, o que feria da mão fe só fivesse vois vedos? O favusador e o vefressor? Finha fouca ufilidade!!
-Você está é a dar-me cabo da paciência!!! È uma tramelga!!
-A famelga, Shou Dótor, a famelga fai andando vem de saúde… a Fonpanheira anda um pouco engripada… é do tempo, sabe? O Vúnior, esse vomeçou o ano lectivo, e a vata Fristie… o Fidadão vesconfia que ela anda frenha!
-Eu disse “tramelga”, não disse “famelga”! Caraças!!!
-Ó Shou Dótor, há fales que fêm vor vem! Ora feja que cá o Fidadão, á vonfersa com o Dótor até se vente fais vescomfrimido! Já há umas femanitas que frecisava de vonversar afim vom alfém! Agora fenho foutro frovlema! Com estes fumbidos, e festas vores, não ve fem nenhuma ideia para esfrever no flogue!
-O quê? Você tem um blogue?!!
-Fim, e fama-se “Frónicas de um Fidadão de Avrantes”!
-E você é que escreve lá?
-Fim, forquê?
-Então… e porque não escreve este episódio que se passou consigo?
-Olhe! Fambém é uma voa idéia, fim fenhor!
-Ora bem… tem que levar… aqui… uma compressa…
-Vompressa Dótor!!! Volhe fe vompressa e vem não há fem! E vais! Vevagar fe fai ao longe! Dótor!
- Vá, pode sair que tenho mais pacientes á espera!
-Fom lifença, Shou Dótor, então fons dias e um fom travalho!
-Faz favor de fechar as portas, sim?
- Falou do Vortas? Shou Dótor? Fual deles?
-Vá, vá, andôr, andôr, e mande lá entrar o outro doente!
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